sexta-feira, 10 de agosto de 2018














                                                            Caminho longo, longo caminho. poeirento e sáxeo. Ando sobre os pedregulhos. Rangem sob meus pés. É preciso chegar. La, vem um carro de boi, cantando sua toada monótona no ranger do eixo na cantadeira, sob o chumaço, no rolar da rodas. São tantos e tortuosos os caminhos mas se há vencê-los, se há de amainá-los, torná-los dóceis à nossa passagem, mesmo sabendo que a cada passo vencido, se colocam mais pedras e empecilhos. Andar por ceca e meca pode nos levar a lugar nenhum. É preciso parar e pensar, embora nas tuas andanças nunca tenhas parado de pensar e até aprendido a pensar. Os franceses dizem que a viagens formam a juventude, mas desmancham as malas. Nada mais acertado, logo, parar, que não se tenha as malas desfeitas e não se possa carregar o conseguido em tuas viagens. 

sexta-feira, 3 de agosto de 2018















                                                       São tantos os canhões que atravessam a terra. São tantas cabeças rolando sobre terra. São tantas as espadas perfurando corpos. São tantas as bombas soltas sobre velhos e crianças. São tantos os foguetes jogados sobre vilas. São tantos os drones enviados sobre pastores. São tanto os trabalhos, tanta a faina, onde está a esperança? São tantas as canções perdidas no espaço. Onde buscar a beleza de seus tons? São tantos os sinos a tocar, são tantos os púlpitos a ouvir. Que farei neste insano mundo? Dize-me, querido mestre. Antes de tudo, nunca deves começar a fazer algo que não possas terminar. Tudo há de ser medido antes. É o que digo sempre: Não jogues pedras na lua. Elas não a atingirão. Assim, não podes atingir o chefe, não o instigue. Derruba um de seus auxiliares, um parente, uma pessoa qualquer de seu circulo de amizade. Não  é isto uma injustiça? Ferir um inocente? Se pensas assim, melhor será desistir de tudo, pegar um terço e ir rezar debaixo da saia da mãe, ou da batina de um padre e esperar ganhar o céu. Se queres o céu, este não é o lugar, disse o mestre em tom de brincadeira, mas brincadeira de verdade. Perguntem aos dois  Bush, perguntem ao Clinton, perguntem ao Obama se estava preocupados  com os inocentes  quando fizeram as guerras fizeram. Perguntem ao Trump se ele está preocupado com os velhos e crianças quando ele solta uma boma a cada 12 minutos pelo mundo afora? Se ele não se preocupou separar crianças de seus pais, imagine o resto.  Mas quem é o marginal é o pobre favelado, que mata por um pedaço de pão. Terroristas são os que não querem que ele lhes roubem o petróleo e outras riquezas de sua terra. Mestre, mas isto não justifica, não podemos ser igual a eles. É? Enquanto eles te batem tu mostras o outro lado do rosto? Onde aprendeste isto? Não, não precisa dizer. Às vezes me bate uma fraqueza, mestre. Sei, é normal. São muitos séculos de dominação e de domesticação. Te ensinaram a ser cordeiro, enquanto eles são leões. Ninguém resite a tal massacre. Os que estão aqui são exceção, são os escolhidos. 

RCMT81211