Não baixar a guarda  é nosso dever, vigilância eterna, pois o inimigo não dorme, ele se reveza, ele não é um, são muitos, pensando igual, com capacidade total de continuidade. Nisto está nosso dever de imitá-los. Nenhum desdoiro nisto.

                                        

                                              E agora mestre? Simples. O mesmo, sed, menos crueza, humanidade, sim. Não, sem escrúpulos, eliminando  sumariamente a quem se opõe. Este exemplo  não seguimos, humano é dar oportunidade de defesa, um direito. Esta, a diferença. Não há-de se perder a ternura. É próprio da guerra nos tornar desumanos, por isto, só no último caso, se a fará, mas sabendo o porquê. Nunca será para alimentar instintos bestiais, porém, nossa humanidade, como Lampião, lembrem-se, como Lampião.

                                 

                                      

                                  Há momentos que nada mais se pode fazer. Um ponto onde não se tem retorno. E temos que seguir, ou seguir. Aí, você tem de ter calma, discernimento e agilidade. Nesta hora, o tempo existe e é veloz.

                                  Um bom político é um bom soldado, maneja todas as armas. Está sempre preparado para o combate. Não se preocupa em ser o mais forte, quer ser o mais hábil. No corpo a corpo parece estar sendo vencido, mas, pura impressão, vence pela persistência, pela sagacidade, pela paciência em esperar a falha do opositor. Aprendam. Todos nós falhamos, logo, vence aquele que souber aproveitar a falha do outro.

                 

                                      Mestre, será mesmo necessário fazer a guerra?

                        Vocês devem ficar muito preocupados com a guerra, jovens, partir para a guerra matar quem em tese não fez nenhum mal é estarrecedor. Entretanto, há certas situações que só se resolvem com a guerra. Se você não fizer já perdeu a batalha, logo, é melhor perder a batalha fazendo guerra, que perde-la sem fazê-la. A guerra, em verdade, é uma forma de fazer política.

                                     O tempo não existe, disse Einstein e continuam dizendo os físicos, por quê, então, continuamos a correr atrás do tempo? Loucos são os homens neste espaçotempo. Portanto, queridos, não se afobem, deem tempo ao tempo.

                              Ninguém deve ser obrigado a acreditar em tudo o que se diz. Cada qual deve encontrar a verdade por seus próprios caminhos.

                           Mestre! Diga,  meu prezado. Não está havendo uma contradição? Como, rapaz? Quer dizer que nem no senhor a gente deve acreditar? Não. Eu apenas mostro alguns caminhos, cabe a cada um de vocês encontrar a verdade.
                     Desconfiem das noticias muito repetidas. Desconfiem das manchetes espalhafatosas. Alguma coisa tem por trás.
                       Lembrem-se a realidade nunca é como te contam. A realidade tem duas faces, a aparente, e aquela que não se vê, não se enxerga, senão que usemos de outros meios para enxergá-la. Lembrem-se ainda: Quem tem o poder, dificilmente diz a verdade. O poder tem sempre alguma coisa a esconder.
                          Nossa missão é de investigação constante, nosso papel é de se interrogar sempre.

                                     Temos uma pauta bomba, hoje. Como, mestre? Agir inteligentemente, não por impulso, não pelo coração, pela razão. O coração só para o impulso inicial, a vontade de fazer, daí pra frente, é só razão. Sim, mestre, mas onde está a bomba? Não fazer oposição a tudo. Muita coisa pode ser  aproveitada. Depois, apoiando algumas ideias, alguns atos, atraímos simpatias e nos despistamos, evitando-se perseguições. Como age o inteligente? Praticar-se  um ato, depois se o condena publicamente. Mas isto não é falta de carácter, mestre? Se você olhar pela lógica burguesa, pela pela moral judaico-cristã, é, mas se você olhar sob nossa lógica, nossos ensinamentos, não, pelo contrário, é até um ato virtuoso. A moral e a virtude, o bem e o mal você os põe  onde quiser. É só uma questão tópica. Algumas medidas que estão tomadas devem ser apoiadas e divulgadas em todas as redes sociais, em todos os lugares. Disfarçar é preciso. Muitas medidas nos beneficiam, ajudam nossa causa, as impopulares aumentam o potencial de revolta, as populares, embora anestesiantes, nos tornam simpáticos a eles. Política é a arte de agradar a todos, embora não consigamos.

                                            E agora mestre, que fazer? Tá difícil. Não, meu filho, talvez as coisas tenham melhorado. Agora nós sabemos quem é quem. Antes tudo era meio cinzento, você não sabia em que terreno estava pisando. Agora você, pelas redes sociais, descobre tudo de todos, os mais recônditos pensamentos que ele, por exibição, cabotinismo solta. Sim, Chiquinho. Onde vivo, reside um cara muito enigmático. Ninguém sabia nada de sua vida. Pois descobri, na redes sociais, toda sua vida. Sei de detalhes que acho que ele nem se lembra. Isto mesmo. E nosso trabalho é este. Um trabalho de formiguinha, mas que surte muito efeito. Imaginemos um cara parente de um figurão. Você descobre tudo dele. Arma o bote. É presa certa. E o figurão que você não conseguia chegar perto será atingido em cheio.  

JAU SUN JAMAL KHASHOGGI

                                Sim, Jau sun Jamal Khashoggi. Alguma dúvida? Sou um cidadão saudita, como vocês, que querem de mim?
                         Insolente, tabefe, ai, ui, socorro! Allah u Akbar.
                         Allah u akbar, Segurem a cabeça dele. Vamos botar o saco. Ele não vai ver mais nada.
                     - Façam isso lá fora, vocês vão me colocar em apuros.
                  - Cale a boca se você quiser continuar vivo quando  voltar à Arábia.
                                 Este idiota sabia de tudo. Quem avisou Riad senão ele. Allah, ai, ai, ai, u, ak, ai, ai, bar. Vai, também, pagar com a vida. Queima de arquivos. Sempre fazem isto. São quantos, vou aguentar? Maggie, Maggie não seja tola. Hatice, Hatice jau na ta ves betg. Eu não te vejo, onde estás? Nossos projetos, tudo em vão. Quem vem me socorrer? Aaa lalah u ak ak,bar.
                          - Já se foi, agora ajudem a carregar o corpo para aquela sala. Melhor para trabalhar. Deixa eu colocar meus fones nos ouvidos, gosto de fazer isto ouvindo música, vocês poderiam fazer o mesmo, experimentem.
                            De canivete, bisturi e faca começou a esquartejar o corpo. Pediu um saco para colocar os membros.
                             Onde estão me levando? Esquartejado como Osiris, será que vão distribuir meus membros por aí, para ninguém achar, ou levar direto para a Arábia?
                             
                              

                                    Estamos numa situação difícil, mestre. As pesquisas não são nada favoráveis. O que fazer?

                                       Não teríamos nada a fazer se nós, realmente, acreditássemos nas eleições como única forma de luta. Mas não somos tão ingênuos assim. Eleição é apenas uma das formas de luta. Veja os Estados Unidos. Eles se restringem às eleições? O que dizer de matanças de vez em quando nas escolas e outros locais? Vocês, realmente acreditam na versão que divulgam?  Em todo caso, tem de partir pra cima do eleitor, esqueçam um pouco os meios eletrônicos, lembrem que no Brasil somente cerca de sessenta por cento da população tem celular, e com zap então, nem se fala. Tem que partir para os bairros, no corpo a corpo, no olho no olho. A máquina ajuda, mas é muito fria para convencer pessoas. Elas gostam de ser tocadas, olhadas no rosto, ouvir palavras de consolo, orientações, contar suas mágoas, ter um ouvido para descarregar suas mágoas. Não fiquem aí na internet pensando que vai convencer quem foi inundado de mentiras, de fake news. Não, agora só o olho no olho pode mudar alguma coisa. Corram senão não teremos mais tempo.