sábado, 22 de julho de 2017

CONJURAȚIE,






                                                       
                                                     
                                                       
                                                     Há-de haver um jeito para sair deste labirinto. Haverá de haver uma Ariadne  para nos fiar um condutor que nos leve à saída. Inermes estamos, múticos, mas há-de se acreditar numa luz. Lumina, mas luzir, que seja a mais recôndita, a mais ignorada. Longe de todos e de tudo. Tudo tem de ser estudado, analisado, por poucos, porque o muito tem tendência a afrouxar, a se desleixar e é isto que bota a perder muitos planos. Um segredo não pode ser dito a todos com a mesma integridade. À proporção que se aumenta o número de pessoas, menos parte do segredo deve ser revelado. Infelizmente, esta é a realidade. Se todos souberem a verdade, teus inimigos também a saberão e terão a maneira de te corroer por dentro que nem sentes. Há-de se guardar uma hierarquia do saber. E o que sabes deves levar para o túmulo. Esta a regra maior da nossa conjura: o segredo. O que sabemos não deve ser revelado a um que não seja dos nossos.  Ninguém que não seja dos nossos deve saber da existência de nossa conjura, muito menos do que tratamos aqui dentro. Fia no teu companheiro, mas desconfia de suas amizades. Na presença de um estranho nem uma palavra, nem um sinal de nossa existência. Não atirem a curiosidade de terceiros. Não queiras ser diferente, nem se destacar na multidão. Nossa regra é a discrição.
                                    O local nunca deve ser fixo. Lembra que Lampião resistiu tanto tempo porque não se fixou num só lugar. O inimigo nunca sabia onde encontrá-lo e até era confundido com outros cangaceiros. Poucos conheciam realmente o capitão Virgulino, apesar de sua figura impagável.
                                  Lembra-te que a Igreja Católica, a maior organização terrorista do mundo, permanece intacta até hoje, em razão de sua rigorosa hierarquia e a observância do silêncio. O inferior nunca sabe o que pensa um superior. Os Concílios, verdadeiras escolas de terror, davam as ordens para extermínio de inimigos, mas nem mesmo quem cumpria estes mandatos sabia que obedecia a mando superior. Tudo era doutrinado de forma a ninguém  perceber que estava recebendo ordens. Aqui é o contrário: O segredo é a alma do negócio. Ah se soubéssemos tudo o que se falou nos concílios. Quanto não sofreu o pobre Ário na boca de bispos, presbíteros e outros fanáticos da Igreja. Por isto devemos aprender o bem e o mal para saber exatamente como e quando aplicar um e outro. Se aplicares o bem quando deverias aplicar o mal e vice-versa, atirarás sobre ti todas as maldições do mundo, porque guarda-te de praticar um e outro na hora azada. Lembra-te: O bem e o mal é tudo igual.
                                          
                                             
                                           
                                           

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